segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Testemunhas de Jeová - ‘Jeová é grande, Jeová é grande!’


O comandante da base, depois de interrogá-los e ficar sabendo que eram Testemunhas de Jeová, chamou um religioso que dirigia uma igreja na região controlada pelo movimento de resistência. Ele disse a este homem: “Estes são Testemunhas de Jeová e agora vão orar com vocês. Trate-os bem.” Para a surpresa dos irmãos, este pastor (que algum tempo antes obtivera publicações da Torre de Vigia no Zimbábue), meneou a cabeça e exclamou: “Jeová é grande . . . Jeová é grande!” Prosseguiu: “Oramos a Jeová para que enviasse pelo menos um para nos ensinar.”
No outro dia, ele reuniu os 62 membros da sua igreja e pediu que o ancião lhes falasse. O irmão começou por dizer que todas as imagens deles tinham de ser removidas. (Deut. 7:25; 1 João 5:21) Eles prontamente obedeceram. Ele mostrou também que Jeová não aprova e nem autoriza a expulsão de demônios por seus servos hoje em dia e que o toque ritual de tambores não faz parte da verdadeira adoração conforme delineada na Bíblia. (Mat. 7:22, 23; 1 Cor. 13:8-13) Na conclusão, o líder do grupo levantou-se e disse: “A partir de hoje, eu e minha família somos Testemunhas de Jeová.” Com exceção de um casal, a congregação inteira expressou o mesmo desejo.
Nos quatro meses que os irmãos permaneceram ali, realizaram regularmente reuniões. Quando chegou o tempo de irem embora, levaram consigo um bom número deste grupo, muitos deles tendo sido antes membros ativos das facções combatentes.
Muitos se juntaram ao povo de Jeová durante este período, pois apesar das condições difíceis de vida, os irmãos nunca deixaram de pregar as boas novas do Reino de Deus e de fazer discípulos. — Mat. 24:14; 28:19, 20.
Retorno à vida nas cidades
Os irmãos eram gratos de estar de volta nas cidades. Mas sem documentos, sem moradia ou serviço secular, a vida continuava a ser difícil para eles. Era uma nova fase na sua vida cheia de desafios. A própria nação passava por convulsões, flagelada por guerra civil, fome, seca e desemprego. Conseguiria o povo de Jeová soerguer-se nestas circunstâncias difíceis?
O governo veio em seu auxílio, criando o Departamento de Reintegração Social. Muitas Testemunhas receberam de volta seus empregos anteriores, ocupando posições importantes em empresas do setor público e privado. Outros abriram seus próprios negócios.
Muitos puderam voltar às suas residências anteriores, ainda ocupadas por parentes. Para outros, porém, a situação não era fácil. Sua casa tinha sido ocupada por estranhos ou por parentes inamistosos, ou tinha sido nacionalizada pelo Estado. Demonstrando mansidão, as Testemunhas que voltaram decidiram não criar caso, contrário ao que o governo talvez temesse. Testemunhas que não tinham sido enviadas aos campos abriram seus lares, acolhendo seus irmãos sem teto. Aos poucos, acharam ou construíram para si acomodações. Com a bênção de Jeová sobre a sua diligência, muitos têm hoje uma boa casa, para a surpresa dos que tinham observado a condição lastimável em que voltaram. É notável que no meio da prevalecente pobreza, nenhuma Testemunha de Jeová teve de recorrer à mendicância. Depois de poucos anos, quando se abriu a oportunidade para as pessoas comprarem sua própria casa do Estado, a primeira pessoa em todo o país a conseguir uma casa foi uma Testemunha de Jeová que estivera no Carico. O depósito de publicações em Maputo funciona atualmente neste lugar.
No entanto, obter uma casa ou conseguir outros benefícios materiais não era a principal preocupação dos irmãos. Mais importante era achar locais para reuniões de adoração. Afinal, não era este o principal motivo de Jeová os ter trazido a salvo para casa? Certamente era isso o que os irmãos acreditavam firmemente. (Note Ageu 1:8.) Prontamente, improvisaram todo tipo de Salão do Reino — em quintais, em salas de estar e em cozinhas, em barracos de zinco e de sapé; às vezes — um luxo — reuniam-se em salas de aula em escolas ou auditórios de hospitais. É nestes Salões do Reino improvisados que a maioria das 438 congregações em Moçambique se reúne até agora. Há raras exceções. Uma delas é na Beira onde, com a ajuda da congênere da Sociedade no Zimbábue e da sua valente equipe de construção, os irmãos superaram os muitos obstáculos e finalmente, em 19 de fevereiro de 1994, dedicaram em Moçambique seus primeiros dois Salões do Reino construídos com tijolos.
Comissões especiais  reconhecimento legal
Com o objetivo de cuidar das necessidades materiais e espirituais dos irmãos ao reorganizarem sua vida, o Corpo Governante designou comissões especiais em Tete, na Beira e em Maputo, supervisionadas pelas congêneres no Zimbábue e na África do Sul. Com este arranjo, as congregações puderam receber mais atenção. Para fornecer as muito necessitadas publicações bíblicas, estabeleceram-se depósitos nestas cidades. Estes serviram também como centros de distribuição de alimentos e de roupa. Organizaram-se assembléias e congressos, embora ainda fosse preciso vencer alguns obstáculos antes que pudessem ser realizados abertamente.
Daí, em 11 de fevereiro de 1991, correu uma notícia emocionante por todo o país, para a alegria do povo de Jeová em todo o mundo. O governo de Moçambique concedera reconhecimento legal à Associação das Testemunhas de Jeová de Moçambique. Fernando Muthemba, que ajudara lealmente a cuidar dos irmãos no Carico, serviria como seu primeiro presidente. O povo de Jeová em Moçambique regozijou-se também de ter no seu meio os primeiros missionários treinados em Gileade. Estes ficavam em lares missionários em Maputo e na Beira. Mas outro lar estava sendo preparado em Tete, para receber mais missionários que iam chegar em breve.
Missionários alegram seus irmãos
Abriu-se em Moçambique um verdadeiro campo missionário. Abnegados e desejosos de participar na reconstrução e colheita espirituais em Moçambique, os formados em Gileade e pioneiros especiais experientes que já serviram em outros campos aceitaram prontamente o convite de servir aqui. Vieram de cinco continentes, muitos deles de países onde se fala português, tais como o Brasil e Portugal. Sua nova designação não deixava de ser um desafio, porque em 1990 e 1991 o país apenas estava começando a sair do atoleiro econômico causado pela guerra e pela seca. Hans Jespersen, missionário dinamarquês que servira no Brasil e que atualmente serve como superintendente de distrito, conta: “Não havia praticamente nada nas lojas, e eram evidentes as marcas da guerra e suas conseqüências.” No entanto, já se evidencia a constante recuperação econômica. Apesar disso, muitos de nossos irmãos nas regiões norte e rurais continuam a viver em condições extremamente difíceis.
Os missionários se confrontaram com muito do que era novidade para eles. Por exemplo, antes da assinatura do acordo de paz entre o governo Frelimo e a Renamo, as designações dos missionários às vezes exigiam que viajassem em colunas (comboios compridos de veículos escoltados pelas forças armadas do governo), e estes às vezes sofriam ataques. Mas tiveram muita alegria em conhecer irmãos; e para muitos destes, conhecer Testemunhas de outras raças e nacionalidades era a realização dum sonho.
Numa parte remota do norte, uma criança andou o dia inteiro com o pai para ver um missionário que viera da Austrália. Notando a expressão de admiração no rosto da criança, o pai disse: “Eu não lhe disse que havia irmãos brancos?” Muitos, ao cumprimentar missionários, expressavam sua satisfação dizendo: “Conhecíamos vocês apenas pelas experiências no Anuário.” Testemunhas moçambicanas, que em 1993 ainda estavam em campos de refugiados na Zâmbia, disseram: “Quando ouvimos na Zâmbia que em Tete havia um lar missionário, fizemos tudo para retornar, para ver isso com os nossos próprios olhos e para continuar o serviço aqui, 18 anos depois de termos sido levados para o Carico.”
O objetivo principal desses missionários em Moçambique é pregar as boas novas do Reino de Deus. Isso tem sido muito gratificante. Os primeiros missionários em Maputo e na Beira contam: “A fome espiritual era tão grande, que quantidades enormes de publicações eram colocadas diariamente.” As publicações da Sociedade, em quatro cores, são novidade neste país e atraem muito a atenção do público. Os lares missionários são muitas vezes usados como base central para dirigir estudos bíblicos, visto que muitos estudantes parecem preferir isso.
Atualmente, há seis lares missionários espalhados pelo país, com 50 missionários servindo em diferentes designações. Alguns missionários viajam cada mês em rotas estabelecidas pela filial para recolher relatórios e levar correspondências, revistas e outras publicações. Estas rotas incluem o lugar onde antes havia o Círculo do Carico, em Milange.
A propósito, o que aconteceu com as Testemunhas que ficaram nessa região e que ficaram isolados do restante dos seus irmãos?
Abre-se o Círculo do Carico
Em 4 de outubro de 1992, foi assinado em Roma o Acordo Geral de Paz entre a Frelimo e a Renamo pondo fim oficial a 16 anos de guerra civil em Moçambique. Este evento amplamente festejado possibilitou levantar a cortina que separava a região do anterior Círculo do Carico. E o que se viu? Mais de 50 congregações das Testemunhas de Jeová emergindo do isolamento que durara sete anos. Como sobreviveram espiritualmente a este severo isolamento?
Em fevereiro de 1994, realizou-se em Milange uma entrevista com 40 irmãos responsáveis. Também estavam presentes mil outros que andaram mais de 30 quilômetros para ver os missionários. Os anciãos que permaneceram depois do êxodo contaram: “Depois de muitos de nós termos sofrido espancamentos naquela base militar, permitiram que voltássemos para viver nas machambas das extintas aldeias. Com o tempo, a Renamo autorizou-nos a construir Salões do Reino e realizar reuniões. Prometeram — e o cumpriram — que enquanto estivéssemos nos nossos salões ou em caminho para a nossa adoração, não seríamos molestados. No entanto, não se responsabilizavam se num dia de reunião alguém estivesse em casa ou mesmo fora do Salão do Reino.” E quanto à pregação? A resposta dos irmãos é tocante: “Sem roupa e despojados, vivíamos como bichos, mas não esquecíamos que éramos Testemunhas de Jeová e que tínhamos a obrigação de pregar o Reino.” Que demonstração eloqüente de apreço e de amor a Deus!
Em 1993, o superintendente de distrito e sua esposa presenciaram um evento sem paralelo numa assembléia de circuito realizada em Milange, algo que confirmou que esses irmãos deveras haviam continuado a fazer discípulos. Quando o orador do discurso do batismo pediu que os candidatos ficassem de pé, 505 se levantaram dentro duma assistência de 2.023, apresentando-se para o batismo! E tem mais.
O “Saulo” do Carico
Saulo de Tarso, ferrenho perseguidor dos seguidores de Jesus Cristo no primeiro século EC, tornou-se servo zeloso de Jeová. O Carico também teve seu “Saulo”. Ele é um homem de traços finos e de aparência mansa, e é atualmente servo ministerial e pioneiro regular. Não há nada que o diferencie dos seus colegas de trabalho quando estes dão duro para ganhar o sustento. Mas escute-o ao contar sua história, ao fazer uma pausa no seu trabalho:
“Em junho de 1981, a região em que eu vivia foi tomada pelo movimento de resistência. Fui levado com outros homens ao seu quartel. Foi-nos exposto o motivo da sua luta e a importância de apoiá-la para a libertação de nosso povo. Recebi treinamento militarizado e participei em combates bem-sucedidos. Esta tornou-se minha rotina nos próximos sete anos. Dada a minha lealdade ao movimento, fui promovido a comandante. Chefiei sete pequenos exércitos. Muitas regiões vieram a estar sob o nosso controle, e uma delas era o Carico. Destaquei homens para penetrarem nas aldeias onde estavam as Testemunhas de Jeová em busca do seu apoio. Autorizei a queima das suas casas e que algumas delas fossem mortas. Meus comandados me disseram: ‘Mataremos a todos, mas nunca conseguiremos mudá-los.’ Com o tempo, fui transferido para outras bases.”
Embora este comandante não tivesse escrúpulos de perseguir o povo de Jeová, o próprio Jeová, na sua misericórdia, deu-lhe a oportunidade de mudar. O homem explica: “Após sete anos sem ver a minha esposa, pedi dispensa para visitá-la. E foi em Malaui, num campo de refugiados, que tive meu primeiro contato com a verdade. Recusei inicialmente. Depois, ao ouvir sobre o novo mundo, o Reino de Deus e um mundo sem guerras, perguntei-me: ‘Pode alguém que fez tantas coisas más beneficiar-se com isso?’ Foi-me respondido com a Bíblia: ‘Sim, por ter fé e obedecer a Deus.’ Aceitei um estudo bíblico, e em junho de 1990 fui batizado. Desde então tenho sido pioneiro, ajudando a muitos dos meus colegas ex-combatentes. Só ali naquele campo ajudei a 14 pessoas a se tornarem servos de Jeová. Tendo servido onde há mais necessidade, já sofri o meu quinhão por motivos de neutralidade. Sou muito grato a Jeová pela sua misericórdia e por não levar em conta os tempos da minha ignorância, perdoando-me por meio do sacrifício de Jesus Cristo.” (Atos 17:30) Este é apenas um dos muitos exemplos que mostram por que os irmãos moçambicanos dizem tantas vezes com profundo apreço: “Jeová é grande.” — Sal. 145:3.
Uma filial em Maputo
Quem diria? Aconteceu mais cedo do que esperávamos. O Corpo Governante aprovou que houvesse uma filial em Moçambique. Desde 1925, quando o mineiro Albino Mhelembe trouxe a verdade de Johanesburgo, a obra em Moçambique havia sido cuidada pelas congêneres na África do Sul, em Malaui e no Zimbábue. Finalmente, em Maputo, a partir de 1.° de setembro de 1992, numa grande casa que a Sociedade adquiriu e renovou na área de muitas embaixadas, a filial moçambicana iniciou seu trabalho de supervisionar este vasto campo. Começando com uma reduzida família de 7 membros, a recém-designada Comissão de Filial tinha pela frente um trabalho desafiador. Tinha de organizar a obra no campo, cuidar das necessidades espirituais — e mesmo materiais — dos irmãos, ajudar na construção de Salões do Reino e construir um novo prédio para a filial. Era uma tarefa e tanto. Mas começou a chegar ajuda.
Equipes de voluntários internacionais de construção, vindas de partes diferentes do mundo, participam agora com os irmãos moçambicanos na construção do novo prédio da filial num lugar agradável perto duma praia. A própria família de Betel aumentou para 26 membros regulares. Irmãos e irmãs da região de Maputo também ajudam. Como grupo unido, todos trabalham para enaltecer a adoração do verdadeiro Deus, Jeová, nesta parte da Terra. — Isa. 2:2.
“Tende em estima a homens desta sorte”
Um trabalho desafiador é também realizado pelos superintendentes viajantes. Mencionamos homens tais como Adson Mbendera, que costumava visitar as congregações no norte e que depois serviu como membro da Comissão ON nos campos; Lameck Nyavicondo, lembrado com apreciação pelos irmãos de Sofala; Elias Mahenye, que veio da África do Sul para servir, sofrendo atrocidades e advertindo: “A PIDE [a polícia colonial] desapareceu, mas o avô dela, Satanás, o Diabo, ainda está por aí. Fortaleçam-se e tomem coragem.” (1 Ped. 5:8) Sem contar com as comodidades normais, renunciaram a quaisquer confortos que tivessem para servir aos seus irmãos.
Há pouco tempo, na região de Milange, onde estavam as aldeias “carcerárias”, formou-se um circuito. Os irmãos que moram naquela região são especialmente gratos a Jeová por serem beneficiados mais plenamente pelos cuidados providos por meio da Sua organização visível. Orlando Phenga e sua esposa acharam ser um privilégio sair de Maputo para servir ali, onde ele e milhares de outros tinham atuado no “Palco do Carico”. Ao oeste da cidade de Tete, ajudando a reintegrar congregações que por anos também ficaram isoladas pela guerra, Benjamin Jeremaiah e sua esposa viajam por dias a pé a lugares onde muitos nunca viram um automóvel. Raymund Phiri, solteiro abnegado, teve de dormir no alto duma montanha junto com os demais da congregação que servia para escapar a possíveis ataques, e foi ali que preparou seu relatório para o escritório. Também Hans e Anita Jespersen servem um distrito que abrange o país todo e chegaram a conhecer tanto as riquezas espirituais como a pobreza material dos seus irmãos.
Todos estes irmãos demonstraram ter o espírito que induziu o apóstolo Paulo a escrever a respeito de Epafrodito: “Tende em estima a homens desta sorte.” — Fil. 2:29.
Avanço com zelo piedoso
Os fiéis em Moçambique, além de terem mantido a integridade em severas provas, têm manifestado seu amor a Deus e ao próximo de outros modos. No ministério público, aproveitam bastante sua recém-conseguida liberdade e as abundantes provisões de Jeová na forma de revistas e de outras publicações. Podem ser vistos pregando livremente nas ruas, nas praças públicas e em mercados tais como o de Xipamanine. Os resultados são evidentes no aumento rápido do número de louvadores de Jeová.
Além do acréscimo de novos publicadores, o aumento tem sido ampliado pelo retorno de irmãos dos campos de refugiados em países vizinhos. Circuitos inteiros têm retornado. Constroem rapidamente Salões do Reino com qualquer material disponível. Fazem isso até mesmo em comunidades temporárias de refugiados, tais como Zóbuè, na fronteira de Malaui, e Caboa-2, fora de Vila Ulongue. Sem esperar tempos melhores, muitos se têm alistado como pioneiros. Há agora mais de 1.900 participando neste serviço de tempo integral. Expressam grande apreciação pelo treinamento recebido na Escola do Serviço de Pioneiro, em funcionamento aqui desde 1992.
Pode imaginar quem foram os instrutores numa recente escola em Maputo, onde quase a turma inteira era daqueles que estiveram no Círculo do Carico? Francisco Zunguza, recordista moçambicano do número de vezes que foi preso por causa da sua fé, e Eugênio Macitela, preso e mandado a Milange depois de ter estudado apenas por uma semana. Ambos servem atualmente como superintendentes de circuito. E um dos estudantes foi Ernesto Chilaule. Ele tem uma lembrança que gosta de contar: “Quando passo naquela rua onde está o prédio da extinta PIDE, olho para aquela janela e lembro — foi ali que os agentes me disseram: ‘Fica sabendo, Chilaule, que aqui é Moçambique, e vocês nunca serão reconhecidos neste país.’ E logo ali perto, rua abaixo, está a nossa filial legalizada!”
Como o irmão Chilaule deve sentir-se recompensado, pois a sua pequena Alita, que costumava buscar alimentos das provisões congregacionais enquanto seu pai estava na prisão de Machava, é agora a esposa de Francisco Coana, um dos membros da Comissão de Filial! O irmão Coana era aquele pioneiro zeloso no Carico que espertamente “vendia” produtos aos de fora dos campos, para poder pregar-lhes. Por certo, Jeová tem abençoado os milhares de fiéis que, lá no norte no distrito de Milange, no Círculo do Carico, escreveram uma bela página repleta de amor, de fé e de integridade para a honra e a glória de Jeová. — Pro. 27:11; Rev. 4:11.
Mas a batalha ainda não acabou. Há novos perigos desafiadores. O espírito permissivo do mundo que se espalhou pela Terra também pode fazer vítimas aqui e já os tem feito. Imoralidade, materialismo e indiferença causados pelos tempos aparentemente mais fáceis, têm causado dano. No entanto, os servos fiéis de Jeová, em Moçambique, continuam fervorosamente a manter constante vigilância. Sobreviveram a tremendas provas de fé. Estão decididos, com a ajuda de Jeová, a continuar a dar evidência de que amam a Jeová de todo o coração, mente, alma e força, e que amam seu próximo como a si mesmos. Têm fé inabalável em que o Reino de Deus em breve transformará a Terra num paraíso, em que não somente não haverá guerra e fome, mas que terão ali a grande alegria de acolher de volta os seus entes queridos falecidos, inclusive todos os que se mostraram fiéis a Deus mesmo até a morte no Círculo do Carico. — Pro. 3:5, 6; João 5:28, 29; Rom. 8:35-39.
[Foto/Mapas na página 123]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
Mapa encaixado: Muitos irmãos foram exilados para São Tomé, no oceano Atlântico, distante uns 3.900 quilômetros
ZÂMBIA
MALAUI
MOÇAMBIQUE
ZIMBÁBUE
ÁFRICA DO SUL
Milange
Carico
Mocuba
Inhaminga
Beira
Maxixe
Inhambane
Maputo
Tete
[Foto na página 131]
Disseram a Ernesto Chilaule: “Vocês nunca serão reconhecidos neste país. . . . Mas você esquece isso!”
[Fotos nas páginas 140, 141]
No campo de refugiados no Carico, nossos irmãos (1) cortavam lenha e (2) pisavam barro para a fabricação de tijolos, ao passo que (3) as irmãs carregavam água. (4) Achavam um meio de realizar assembléias. (5) Xavier Dengo, (6) Filipe Matola e (7) Francisco Zunguza ajudavam por dar ali supervisão espiritual como superintendentes de circuito. (8) Salão do Reino construído ali por Testemunhas malauianas, ainda em uso.
[Foto na página 175]
Testemunhas reunidas para o Congresso de Distrito “Devoção Piedosa” perto de Maputo, em 1989, logo depois de retornarem dos campos
[Fotos na página 177]
Em cima: anciãos e superintendentes de circuito no lugar onde missionários entregam cada mês publicações e correspondência
Embaixo: missionários em Tete recebem aulas de chicheua
[Fotos na página 184]
Comissão de Filial (da esquerda: Emile Kritzinger, Francisco Coana, Steffen Gebhardt) com foto dos prédios da filial agora em construção em Maputo
[Gravura de página inteira na página 116]