ÙLTIMA HORA
Uma chapada ao Ministério Público
A condenação de dois anos de prisão de Abdurremane Lino de Almeida, ex-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, pode-se considerar um soco valente à boca do estômago do Ministério Público (MP). É que este pedia uma pena máxima (que poderia ser de 16 a 20 anos) e uma responsabilização exemplar.
Ponderados os factos, o juiz João Guilherme (o mesmo que negou ser marionete de Armando Guebuza no processo contra Nuno Caste-Branco ) deu mais uma vez um pouco da sua graça. Esfarelou muitos dos argumentos que o MP arrastou para a condenação de Lino de Almeida. Definitivamente, é um juiz ponderado. O país precisa de mais homens como ele. Que não vão à boleia da nomenklatura política. Agem segundo a sua consciência.
E os dois anos a que Lino de Almeida foi condenado, pode vir a recorrer a tribunal superior de recurso.
O que sugere que o ex-ministro não irá, necessariamente, ver o sol aos quadradinhos, segundo desejo dos lambe-botas do MP.
O que sugere que o ex-ministro não irá, necessariamente, ver o sol aos quadradinhos, segundo desejo dos lambe-botas do MP.
Esta sentença, para os que têm olhos para ver, escangalha de certa forma o edifício do MP, encabeçado por Beatriz Buchili. A pena máxima que exigiam que devia ser aplicada a Lino de Almeida, devia ser para os que endividaram o país. A Procuradoria-Geral da República (PGR) anda a procura de assuntos mesquinhos para desviar atenções. O foco devia ser outro: dívidas ocultas.
Moçambique precisa de um povo robusto que não se deixa intimidar. É tempo de o povo sair à rua e exigir mudanças. O país não pode continuar a ser liderado por gangsters, comparados à máfia ciciliana. É tempo de dizer basta. Beatriz Buchili e toda a equipa por si liderada devem ser escorraçadas. Não se pode tolerar que o país vergue à ditadura de procuradores vassalos ao Governo do dia.
Lino de Almeida não roubou o dinheiro. Usou-o em peregrinação à Meca (cidade santa). Pode não ter sabido explicar-se convenientemente diante do juiz, mas não se pode negar que Filipe Nyusi tinha conhecimento e autorizou aquela viagem. Senhores estamos a falar de 39 mil dólares para uma comitiva composta por seis indivíduos. Esse dinheiro é muito pouco. E, aliás, alguém autorizou para que ele fosse à Meca.
Isto não passa de areia atirada aos olhos do povo. Daqui a alguns minutos, os doadores internacionais, o FMI e o Banco Mundial receberão emails a dizer que se fez justiça. Ou seja, que em Moçambique há transparência. Pune-se os prevaricadores. E o prevaricador-mor? As pessoas que empurraram este país ao endividamento são conhecidas. Vivem em Maputo, passeiam numa wella. De que está a espera a PGR para agir? Ainda quer continuar a lavar a loiça na cozinha dos políticos? Chega de passividade, povo moçambicano.
O silêncio do povo significa cumplicidade. O povo deve sair a rua e expulsar os que rasgaram a Constituição da República. Basta!
Nini Satar
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