terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Último ataque foi com catanas e facas


No distrito de Palma
Um grupo de homens desconhecidos, munidos de catanas e outros instrumentos contundentes, atacou, na madrugada da sexta-feira da semana passada, a aldeia de Inlane, no distrito de Palma, província de Cabo Delgado.
Segundo as autoridades locais, o ataque causou a morte de duas pessoas e o ferimento de outras duas, em consequência de golpes de catana.
Abdul Sele Assane, representante do Conselho Islâmico de Moçambique na cidade de Pemba, durante a apresentação do relatório de actividades realizadas pela província de Cabo Delgado, afirmou na II Conferência Nacional Islâmica, que terminou no domingo, na cidade da Beira: “Isto aconteceu na madrugada da sexta-feira. Duas pessoas foram mortas à catanada e outras duas ficaram feridas. Outro grupo de mulheres que vive nesta aldeia foi levado para ajudar os atacantes a carregar os mantimentos saqueados em residências e estabelecimentos comerciais”.
Acrescentou que esta nova forma de actuar do grupo é muito preocupante, porque, antes, os atacantes diziam que as suas vítimas eram as Forças de Defesa e Segurança (polícias, militares), mas agora já atacam aldeias e saqueiam lojas.
“Tal como alertámos no ano passado às autoridades, hoje também continuamos a fazer o mesmo. Há focos na província de Nampula e Niassa. Já tivemos reunião na presença dos membros dos Governos provinciais e central, mas ainda não temos solução”, disse.
Três mesquitas encerradas e uma destruída
Abdul Sele Assane, referindo-se ao período desde Outubro até agora, afirmou: “Neste momento, temos quatro mesquitas encerradas, sendo duas na cidade de Pemba, nos bairros de Alto Gigone e Carióco, outra em Mocímboa da Praia e outras duas mesquitas foram encerradas por ordens do Governo”.
Acrescentou que o Governo, após mandar encerrar as mesquitas, disse que iria reabrir, mas os fiéis continuam apreensivos, sem saber quando e por que é que foram encerradas.
“Nós os continuamos a trabalhar apelando aos muçulmanos para ficarem calmos à espera da resposta do Governo, porque temos muita gente ainda detida”, disse.
Sabe-se que, na província de Cabo Delgado, há cerca de cem pessoas detidas e cerca de 200 processos em curso na Procuradoria-Geral da República, em conexão com os confrontos em Mocímboa da Praia.
Proibidos de viajar com vestes muçulmanas
O representante do Conselho Islâmico de Moçambique na cidade de Pemba diz que as autoridades (polícias, militares e agentes do Serviço de Informação e Segurança do Estado), estão a realizar desmandos, no distrito de Mocímboa da Praia em particular, e em Cabo Delgado, em geral, ao prenderem pessoas que deixam crescer a barba ou que usam véu.
Segundo o Governo, esta medida abrange apenas as mesquitas que tiveram contacto com o grupo de indivíduos envolvidos nos ataques às mesquitas localizadas nos  bairros de Carióco, na zona do Embondeiro, Alto Gigone e Chiuba.
“Muita gente teve que cortar barba, por temer prisão. Nos controles montados, de Mocímboa da Praia até à fronteira com a Tanzânia, as pessoas são revistadas e são humilhadas.
Se for apanhado a viajar com véu islâmico, é imediatamente preso, e isto deixa-nos preocupados”, disse. (Cláudio Saúte)
CANALMOZ – 12.12.2017

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