sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Lula da Silva: “Não quero ser candidato para não ser condenado, quero ser absolvido para ser candidato”



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O ex-presidente brasileiro garante que o processo em que é arguido é "uma mentira". O julgamento de recurso de Lula da Silva - que foi condenado a nove anos de prisão - é no dia 24 de janeiro.


Lula da Silva foi presidente do Brasil até 2011
Sebastiao Moreira/EPA

No dia 24 de janeiro, Lula da Silva vai finalmente saber se a pena de nove anos de prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro é ratificada ou anulada pelo Tribunal de Porto Alegre. O juiz, principal magistrado do Caso Lava Jato, considerou provado que o antigo presidente do Brasil recebeu um apartamento como recompensa de uma construtora a troca de contratos públicos.
Numa sala do Instituto Lula em São Paulo, recebeu um grupo de jornalistas e falou, como sempre, sem papas na língua: sobre o processo, sobre a fraude que diz estar a ser alvo e sobre a ambição de se candidatar às eleições presidenciais de outubro pelo PT.
Em resposta ao El País, Lula da Silva não tem dúvidas: a motivação do processo é totalmente política. “Quando uma pessoa é acusada, espera que apresentem provas materiais de que é dona do apartamento, porque não pode ser dona de nada sem que apresentem documentação com provas de pagamento, da aquisição, alguma prova de que é meu”, explica o ex-presidente do Brasil. Lula acrescenta que a falta de provas o “obrigam” a dizer que o sistema judicial está a mentir.
Depois de realçar que “na vida não conhece a palavra ‘desistir’ nem faz uso dela”, Lula da Silva, de 72 anos, deixa bem claro que nenhuma condenação o vai impedir de se candidatar à presidência brasileira em outubro. “Se se proíbe Lula de ser candidato por uma decisão política do poder judicial, trata-se de uma fraude”, atira.
Não estou a lutar para não ser condenado, estou a lutar para provar a minha inocência. Não quero ser candidato para não ser condenado, quero ser absolvido para ser candidato”, afirma Lula da Silva, que foi presidente do Brasil de 2003 a 2011.
Insistindo na ideia de que a convicção da sua acusação é totalmente política, Lula acredita que “o que se julga não é Lula, é um Governo, é a maneira como tratamos [o PT] este país”. Quando questionado sobre o facto de o Caso Lava Jato também envolver personalidades ligadas à direita brasileira – e não apenas ao PT – o ex-presidente não tem dúvidas de que “a sua situação era tão clamorosa que não podiam esconder mais”. “Chegou uma altura em que encontraram dinheiro em casa de muita gente, encontraram contas bancárias na Suíça. Porque é que não encontraram em minha casa? Porque é que não encontraram contas minhas?”, pergunta Lula da Silva.
O antigo presidente garante que está “com a tranquilidade dos inocentes, eles estão com a tranquilidade dos mentirosos”. “Sabem que mentiram. Os que me acusam sabem que um dia os filhos vão acordar e perguntar: ‘Pai, porque é que mentiste sobre o Lula?'”, acusa.

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