quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Faleceu hoje vítima de cancro, Morgan Tsvangirai, Líder da oposição do Zimbabwe


Morreu o líder da oposição do Zimbabwe, Morgan Tsvangirai

Tinha 65 anos e sofria de cancro no cólon há dois. A morte foi confirmada pelo vice-presidente do partido de Tsvangirai, Elias Mudzuri.


LUSA/AARON UFUMELI
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LUSA/AARON UFUMELI

O líder da oposição do Zimbabwé, Morgan Tsvangirai, morreu nesta quarta-feira, em Joanesburgo, na África do Sul. A morte foi confirmada pelo vice-presidente do partido Movimento para a Mudança Democrática, Elias Mudzuri. O antigo primeiro-ministro do Zimbabwe tinha 65 anos.


Tsvangirai sofria de cancro do cólon há dois anos. A situação clínica deteriorou-se rapidamente nos últimos dias, apesar de estar a em tratamento na África do Sul. “Morreu esta tarde. Foi a sua família que mo comunicou”, disse o vice-presidente do Movimento para a Mudança Democrática, Elias Mudzuri, citado pela Reuters.
A morte de Morgan Tsvangirai acontece nas vésperas das primeiras eleições desde que o regime de Robert Mugabe caiu. O partido da oposição tem agora que escolher um novo líder para disputar o poder contra a União Nacional Africana do Zimbabwe, partido actualmente no poder e fundado por Robert Mugabe. 
A carreira política de Tsvangirai foi marcada pela luta contra o regime do ex-Presidente, Robert Mugabe. Foi preso inúmeras vezes e alvo de quatro atentados. 
Morgan Tsvangirai, de mineiro a sindicalista e político


Líder da oposição do Zimbabwe faleceu hoje vítima de cancro
Morgan_TsvangiraiMorgan Richard Tsvangirai foi sindicalista, activista de direitos humanos e político do Zimbabwe.
O líder da oposição morreu nesta quarta-feira, 14, a África do Sul, onde se encontrava há anos em tratamento a um cancro.
Tsvangirai chegou a desempenhar o cargo de primeiro-ministro do país, depois do acordo de divisão de poder estabelecido com o então Presidente Robert Mugabe depois das eleições de Setembro de 2008.
Afastado mais tarde por Mugabe, liderou até à morte o Movimento para a Mudança Democrática (MDC), principal partido da oposição do país.
Candidato do partido nas controversas eleições presidenciais de 2002, quando foi derrotado por Mugabe, Tsvangirai contestou o resultado da primeira volta das eleições presidenciais de 2008, como candidato do MDC-T, na qual obteve 47,8% dos votos, de acordo com os resultados oficiais - o que o colocou à frente de Mugabe, que obteve 43,2% - com a alegação de que teria conquistado uma maioria mais significativa, que possibilitaria sua vitória já no primeiro turno.
Tsvangirai planeou inicialmente disputar a segunda volta contra Mugabe, porém retirou a candidatura pouco tempo antes da realização das eleições, sob o argumento de que elas não seriam livres e justas, devido à prática difundida de violência e intimidação por parte dos partidários do Governo.
Casado e pai de seis filhos, ele foi alvo de quatro atentados.
Biografia
Morgan Tsavangirai nasceu a 10 de Março de 1952 em Gutu, a sul de Harare.
Filho mais velho de uma família de nove irmãos, todos pertencentes à etnia maioritária shona, teve de abandonar os estudos ainda jovem para ajudar a família.
Começou a trabalhar como operário numa empresa têxtil aos 20 anos e, mais tarde, tornou-se trabalhador numa mina de níquel, onde assumiu a liderança da União de Trabalhadores Associados da mina e membro da direcção da União Nacional de Trabalhadores Mineiros.
Em 1988, ele foi eleito secretário-geral da Confederação de Sindicatos do Zimbábue (ZCTU), cargo que desempenhou até 2000.
Sob a sua gestão, o ZCTU reduziu a sua dependência em relação à União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica (Zanu-PF), partido de Mugabe, do qual foi membro e responsável.
As suas desavenças com o regime de Mugabe o levaram à prisão em 1989, sob acusação de ser espião do regime segregacionista da África do Sul.
Em 1992, foi detido novamente por protestar contra as reformas que reduziram a influência dos sindicatos.
Em 1997, Tsavangirai convocou a primeira greve geral da história do Zimbabwe, que teve uma adesão de 55 por cento.
Em 1999, ele fundou o Movimento para a Mudança Democrática (MDC) e nas eleições legislativas realizadas em Junho de 2000, o MDC obteve 57 cadeiras (contra 62 do Zanu-PF), tornando-se no principal partido da oposição no Zimbabwe.
Detenções
Em 2001, ele foi novamente detido por agentes do regime Mugabe, acusado de participar de um complô para assassiná-lo.
Em Março de 2002, Tsavangirai concorreu pela primeira vez ao cargo de Presidente do Zimbabwe.
Mesmo com uma votação considerada fraudulenta pela comunidade internacional, ele obteve 41,9% dos votos, contra 56,2% de Mugabe.
A 3 de Fevereiro de 2003 ele foi processado pelo suposto complot contra Mugabe.
A 6 de Junho daquele ano foi mais uma vez detido e novamente acusado de alta traição, por convocar protestos e greves contra o regime .
Em Março de 2009, a mulher dele morreu num acidente de automóvel, enquanto Morgan Tsvangirai ficou ferido sem gravidade.
Um porta-voz do Movimento para a Mudança Democrática na oposição afirmou que o automóvel transportando Tsvangirai, a sua mulher, Susan, e dois adjuntos, colidiu contra um camião esta sexta-feira a 50 Km a Sul de Harare.
Sucessor
Morgan Tsavangirai, de 65 anos, encontrava-se em tratamento na África do Sul há alguns anos em tratamento de um cancro, que o levou à morte nesta quarta-feira.
Na primeira semana de Fevereiro, Tsvangirai, encarregou o antigo sindicalista Nelson Chamisa, para assegurar a liderança interina do partido, enquanto estivesse em tratamento.
VOA – 14.02.2018
Minha singela homenagem a Morgan Tsvangirai!
Quis eu, na semana passada, escrever qualquer coisa sobre Morgan Tsvangirai. Foi depois de ver as fotos (que estão aqui postadas) do seu estado debilitado, quando foi visitado numa das clínicas sul-africanas, pelo Presidente interino do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa- o crocodilo.
Perdi a oportunidade de antecipar os factos, dada a outras prioridades. Na verdade, se eu fosse Deus, Morgan Tsvangirai continuaria vivo. Tinha-os no lugar e são poucos líderes como ele que desafiam, sem reservas, um ditador inveterado como Robert Mugabe.
E graças a Morgan Tsvangirai, o Zimbabwe foi forçado a algumas mudanças. Este homem, não fosse a máquina da ZANU-PF e a cobardia de muitos líderes africanos, principalmente da África Austral, poderia ter sido Presidente do Zimbabwe.
Sem Morgan Tsvangirai o Zimbabwe não poderia falar de democracia. Conquistou corações de muitos zimbabweanos. Algumas eleições foram por ele ganhas claramente, mas a máquina fraudulenta de Mugabe o impediu de assumir os destinos do Zimbabwe.
Sem Morgan Tsvangirai a oposição zimbabweana fica enfraquecida. O MDC fica sem o carismático líder. A esperança daquele povo irmão fica esvaziada.
Tsvangirai foi uma verdadeira pedra no sapato de Mugabe. Obrigou-o a cedências inimagináveis. Foi um guerreiro. Fez a sua trajectória com letras douras. Morreu esta quarta-feira, mas deixa um legado de ouro. Tinha 65 anos de idade e morreu na sequência de um cancro.
Foi-se o ícone e combatente número UM pela democracia no Zimbabwe!
Nini Satar


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