AINDA SOBRE A HEGEMONIA DAS FAMOSAS CIÊNCIAS EXACTAS:
Um problema histórico enraizado na 10ª classe?
Hoje acordamos a meio de uma temperatura confusa e desencorajadora. Ate que liguei para um amigo meteorologista (cientista), por volta das 8 horas para me explicar o fenómeno, porem, ele viu-se limitado para me esclarecer o que acontecera. Mas confesso que ele é bom de lábia quando o assunto é política. Em jeito de brincadeira fiz a seguinte pergunta: “afinal para saber como este mundo em que vivemos realmente funciona, não devemos estudar a Física, Química e Biologia, ou seja, as ciências exactas”? De repente a linha caiu. Assim sendo, decidi ligar os dados móveis para alimentar o hábito de me actualizar através das redes sócias e me divertir com a improdutividade das Ciências Sóciais e Humanas.
A minha expectativa era conversar com todos sobretudo, com gente da minha área (Ciências Sociais e Humanas). Mas para o meu azar, vi mais um texto longo, do conceituado físico nuclear moçambicano. Li o artigo e partilhei a minha inquietação lá. Nisto tudo, o que me deixou indignado é que este post não falava da Ciência Física nem das suas manifestações e muito menos do seu impacto na vida social. Ou seja, em termos de contributo social, não trazia nada de novo.
A primeira conclusão que tirei destes dois cenários é que no meu Pais, as ditas Ciências Exactas tendem a falar mais do que executam. E mais, o objetivo do artigo era mais uma vez reduzir a pertinência das Ciências Sociais e Humanas mesmo reconhecendo a sua função didática, sem trazer um fundamento valido.
Após a leitura, veio-me em mente o problema de banalização das ciências Sociais e Humanas nos tempos da Escola Secundária. A segunda conclusão que pude tirar deste fenómeno é que o nosso físico sofre de “atrapalhações da 10ª classe”. Deixa-me explicar isto:
Em Moçambique o preconceito sobre a hegemonia das famosas Ciências Exactas nasce na décima classe (10ª). Tudo começa quando o nosso currículo abre possibilidades para a escolha das secções, nomeadamente: A, B e C. As letras (Ciências Sociais/Humanas, tem a designação A), por seu turno as ditas Ciências “Exactas” tem as designações B e C. Os que fazem as secções B e C, tem a crença histórica de que são mais cientistas em relação aos alunos da secção A. Alias, em algum momento os pré-universitários mais machistas chegam a dizer em publico que as Letras são para as meninas (mulheres) e as Ciências são para rapazes (homens). É um preconceito sócio-histórico que foi se reproduzindo ate aos dias de hoje. Pessoalmente, chego a pensar que os estudos sobre relações de género em Moçambique devem focar-se sobre a “Sociologia das Escolhas” e suas manifestações quando o assunto é Ciência.
Ora, estas limitações quando verificam-se ainda na adolescência compreendemos, pois, o nível de apreensão da matéria ainda é limitada, e consequentemente em termos de analise do abjeto e problematização do assunto verifica-se varias lacunas, mas, o que pode-se constatar é que esta perceção deriva da construção social da realidade.
Ou seja, poucos estudantes moçambicanos conseguem explicar o gosto que tem pela escolha de Letras e Ciências Exactas. Talvez o maior problema esta na realização dos testes de diagnóstico tal como acontece noutros países, antes de se passar para outra fase. Consequentemente, muitos optam pelas Letras e mais tarde descobrem que deviam ter feito famosas Ciências e vice-versa. Mas a gravidade deste problema verifica-se no âmbito do Exercício Profissional. Há muitos moçambicanos que amam o dinheiro que auferem a partir do que fazem mas não amam o seu trabalho.
Alias, os anais da história moçambicana dão conta que maioria dos estudantes da geração 8 de Março fizeram os seus cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento por imposição do sistema e não necessariamente por inclinação na área. Ademais, em 2015, o Grupo SOICO, apresentou uma reportagem que resumia as lamentações e frustrações da Geração 8 de Março, e a maioria dizia que fez um curso que não era dos seus anseios e que era incompatível à sua habilidade académica e profissional. Isso é frustrante e tem repercussões negativas.
Talvez a raiz do problema do nosso físico nuclear esta exatamente ai mesmo, mas este provavelmente tenha sido frustrado pela 9ª do seu sistema que hoje, é equivalente a 10ª.
Pelo que tenho notado no mundo afora, a maior realização dum físico esta na apresentação de um trabalho incontestável no seu campo de actuação e o mesmo resulta de várias experiencias por si realizadas no seu oficio. Para o nosso engano, aqui em Moçambique, o sonho dos nossos físicos nucleares não é produzir uma "bomba" para que o Indico possa se impor militarmente a nível da África Austral, mas sim desmentir um Sociólogo, um Historiador ou um Politólogo quando debate é SOBRE O SOCIAL. O nosso físico não quer bata para trabalhar no seu ofício, mas sim preocupa-se em ter a melhor gravata para “Shainar” em análises e comentários políticos na TV.
Ou seja, se o barulho que tenta mostrar sobre a supremacia das Ciências Exactas fosse exibido em termos práticos como trabalho feito pelos químicos, físicos, biólogos, meteorologistas, engenheiros mecânicos, engenheiros agrónomos entre outros moçambicanos do campo das Ciências exactas haveria coerência.
Para mim, é falso falar da hegemonia e pertinência das famosas ciências exactas num contexto em que o Pais ainda importa BISCOITOS E PASTILHAS da África do Sul, enquanto temos engenheiros agrónomos. Não pretendo reduzir a pertinência de qualquer ciência. Mas eu não sinto os nossos agrónomos no meu prato de comida em casa. Portanto, para mim, é dissonante falar da supremacia das Ciências Exactas num contexto em que numa avaria grossa da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), importamos técnicos e técnicas sul-africanas e zimbaweanas para resolver o problema. Afinal, não temos a solução na Ciência que produzimos internamente? Afinal não acreditamos nos nossos cientistas?
Penso que não podemos falar da hegemonia das Cências Exactas num contexto em que o Parque Nacional da Ciência e Tecnologia de Maluane não produz nada. É dissonante falar grandeza das Ciências Exactas num contexto em que as Feiras de Ciência e Tecnologia em Moçambique são dominadas por criativos caseiros e não cientistas. Perguntem o que é que a FEMONG já produziu e que esta sendo útil para este Pais.
O que é que cada Físico nuclear em Moçambique tem feito em termos práticos para mostrar o seu trabalho?
O meu apelo e" este: parem de nos provocar barulho nas redes sócias por causa dos vossos preconceitos construídos na 10ª calasse e tratem de se trancarem no laboratório para produzir em prol do desenvolvimento do Pais. Parem de impor a lógica no exercício das Ciências Sócias e humanas. Antes procurem produzir e imporem-se mais no vosso campo de saber.
Se vocês ficam aqui nas redes sócias murmurando preces, quem ficara no laboratório de engenharia para produzir?
Pelo que tenho notado no mundo afora, a maior realização dum físico esta na apresentação de um trabalho incontestável no seu campo de atuação e o mesmo resulta de várias experiencias por si realizadas no seu oficio. Para o nosso engano, aqui em Moçambique, o sonho dos nossos físicos nucleares não é produzir uma "bomba" para que o Indico possa se impor militarmente a nível da África Austral, mas sim desmentir um Sociólogo, um Historiador ou um Politólogo quando debate é SOBRE O SOCIAL. O nosso físico não quer bata para trabalhar no seu ofício, mas sim preocupa-se em ter a melhor gravata para “Shainar” em análises e comentários políticos na TV
Uma alternativa às charlatanarias intelectualistas
Apregoam democracia e não são democratas. Apelam à tolerância e são intolerantes. Fazem discursos bonitos, eloquentes, mas sem conteúdo útil, prático. Enfim, não produzem senão verborreia, amiúde com citações intermináveis só para nos convencerem de que leem muito e, por isso, são mais cultos que nós outros. E se dizem sábios. Quais sábios! São mas é pedantes e anarquistas.
Curioso é que os jornalistas fazem corte a esses. Aliás, isso nem é curioso. É porque os próprios jornalistas, cuja actividade deveria ser ir atrás de notícias, converteram-se em farinha do mesmo saco. É por isso mesmo que informam mal o povo. Sim, são os profissionais de comunicação social que projectam a falsa imagem, o holograma, de que estudar artes ou—como gostam que seja dito—"ciências sociais" é que é "fixe". Qual "fixe"! Já temos montes de politógos, sociólogos, historiadores e quejandos—jornalistas inclusos—a propalarem só mentiras, a promoverem a intolerância e a criarem confusão nas cabeças das pessoas, especialmente das nossas crianças. E fazem isso pagos por aqueles que não querem que Moçambique prossiga na rota do desenvolvimento sustentável. Chega! Chegaaaa!
O Governo de Moçambique precisa urgentemente de uma política que promova a educação em ciências naturais e engenharia. Moçambique é um laboratório natural vazio de profissionais de ciência e engenharia. É preciso apetrechar este laboratório com tais profissionais, pois só eles produzirão soluções pragmáticas, inovadoras, com potencial comercial, para os problemas que emperram o progresso do país.
Não devemos continuar vivendo de vender matérias-primas para as indústrias dos outros a preço de banana. Um desenvolvimento que resulte só do negócio de venda de matérias-primas não é sustentável. Temos que sair e pensar fora da caixa em que nos meteram os falsos teóricos do desenvolvimento. A nossa aposta deve ser que os nossos recursos naturais sejam totalmente transformados em bens e serviços aqui em Moçambique. O nosso comércio deve ter como mercadorias produtos "Made-in-Mozambique". Chega de sermos mercado de produtos de outrem, fabricados usando matérias-primas extraídas daqui! Só este basta pode colocar Moçambique a ganhar o que merece ganhar com a exploração dos seus recursos naturais. Vamos lá deixar de ser pobres! Com o potencial que temos, o nosso país (Moçambique) não deve continuar a constar da lista dos países pobres do planeta Terra. Fazemos lá reconhecer que somos nós próprios, donos deste país, que o fazemos pobre, por faltar-nos juízo próprio.
Atesta que nos falta juízo próprio o facto de não termos ainda a compreensão de que se a nossa economia continuar dependente das exportações de matérias-primas e das importações de produtos produzidos pela industria de outrem, então somos um país altamente vulnerável, qual Arábia Saudita. É também prova de que nos falta juízo próprio a facto de permitirmos a proliferação de instituições de ensino superior que só oferecem cursos em artes ou ciências sociais. Essas instituições estão a fabricar uma bomba-relógio para destruir Moçambique. Com efeito, muitos dos graduados dos cursos oferecidos por essas instituições estão a engrossar o exército de desempregados. Alguns poucos desses graduados encontram emprego nos projectos das ditas "organizações da sociedade civil" (OSC), onde se formam como pastores para replicar e propalar o evangelho que mantém Moçambique na cauda dos rankings de indicadores de desenvolvimento.
Se as nossas OSC tivessem juízo próprio estaria a advogar pela promoção da educação de qualidade em ciências naturais e engenharia, como estou advogando aqui. NUNCA fizeram isso, não fazem e nem vão fazer, porque não têm juízo próprio. Cumprem a agenda de outrem. E agenda de outrem é manter Moçambique como uma economia vulnerável, sem indústria transformadora, que é para não perderem (i) um mercado de matérias-primas baratas para a sua indústria e (ii) um mercado muito lucrativo para os produtos da mesma sua indústria. O académico Elísio Macamo tem, pois, razão bastante quando se insurge violentamente contra as tais OSC. É que, comprovadamente, essas OSC não têm juízo próprio; são literalmente imbecis. E são também imbecis os moçambicanos que advogam a favor das tais OSC imbecis. E aqui estou a ser arrogante—até malcriado—por ser necessário. É preciso chamar os bois pelos nomes para não haver equívocos. Esta é minha tarefa, na qualidade de Professor que sou. Quem não sabe e não sabe que não sabe, é imbecil. E está provado que o imbecil só consegue aprender alguma coisa—e até pode chegar a vencer a sua imbecilidade—quando o professor fica arrogante no trato com ele.
Enfim, mesmo eu reconhecendo que a crítica ensina melhor que o elogio, acho que precisamos de observar um intervalo no desfile de críticas, e nos darmos tempo para apreciar o bem que se faz no nosso país e sugerir como se pode proceder para haver melhorias no desempenho das nossas instituições, sejam elas civis, políticas, militares ou paramilitares. Passar-se o tempo todo só a criticar, criticar, criticar, é uma manifestação inequívoca de imbecilidade temperada com arrogância. Esta mistura é sociotóxica, pois a sua administração sistemática à opinião pública acaba por causar convulsões sociais que conduzem à paralisação de um país. Será que nós moçambicanos queremos isso? Vamos lá pensar melhor! O nosso país (Moçambique) precisa de cientistas e engenheiros que sejam capazes de (i) modernizar a nossa agricultura, (ii) transformar os nosso recursos naturais aqui no país para os agregar valor, e (iii) inovar ou inventar. Estas habilidades (skills) só se adquirem com uma educação de boa qualidade em ciências naturais e engenharia. Não há outra fórmula. Logo, temos que nos preparar e implementar um programa de promoção da educação em ciências naturais e engenharia. Precisamos de mais universidades que formam físicos, químicos, biólogo, nutricionistas, geógrafos, geodesistas, geólogos, petrologistas, gemólogos, meteorologistas, oceanógrafos, hidrólogos, engenheiros, médicos, veterinários, farmacólogos, e claro, professores, enfermeiros e técnicos de laboratório. Ou seja, Moçambique precisa de formar especialistas que saibam com se faz e sabem fazer. Claramente, isto requer um investimento a médio e longo prazos. Então, vamos parar com as charlatanarias intelectualistas e começarmos a discutir como é que tal investimento pode melhor ser feito no nosso país.
Come on, floor!
Gracio Abdula Gosto do quarto parágrafo que é um assunto bem investigado e estudado por economistas, qual engenheiros qual ova, sim este assunto merece ser encarado com muita seriedade. Por outro lado concordo plenamente com um planificação que privilegie as áreas de investigação para o desenvolvimento para equilibrar com o excesso de licenciados nas áreas de letras ou ciências sociais..
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