quinta-feira, 15 de março de 2018

Fusão das TDM e Mcel junta dívidas com bancos de 9,3 biliões, 7,6 biliões com fornecedores e passivo de 23 biliões de meticais


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Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Adérito Caldeira  em 15 Março 2018
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O culminar da fusão das Telecomunicações de Moçambique (TDM) e da Moçambique Celular (Mcel) continua previsto para acontecer até Dezembro próximo. O @Verdade sabe que existe já uma denominação para a nova empresa, que precisa de investimentos para entrar no mundo digital e poder voltar a “guerra” com as outras duas operadoras móveis, que não deverá herdar as dívidas com bancos de 9,3 biliões de meticais, 7,6 biliões de pagamentos atrasados a fornecedores e um passivo superior a 23 biliões de meticais.
As análises que o @Verdade está a efectuar às contas das empresas de telecomunicações estatais desde 2012 revelam que a 31 de Dezembro de 2016 ambas acumulavam um passivo 23 biliões de meticais, 10,5 biliões nas TDM e mais 12,5 biliões na Mcel.
Estes números só impressionam porque não eram do conhecido público, até o @Verdade os relevar, todavia são o resultado de cinco anos em que os gestores das empresas efectuaram tudo o que de errado existe em gestão com evidente complacência do único accionista: o Estado, representado pelos sucessivos Governos do partido Frelimo.
No exercício financeiro de 2016 o prejuízo conjunto ascendeu a 6 biliões de meticais, 1,6 bilião nas Telecomunicações de Moçambique e 4,4 biliões Moçambique Celular, o triplo do exercício de 2015.
Os Relatórios e Contas analisados pelo @Verdade mostram que houve pouco investimento nas duas empresas, que não acompanharam o rápido desenvolvimento das telecomunicações em Moçambique e no mundo, e os gestores optaram, mal, por financiarem o funcionamento com dívida de curto prazo na banca.
Essa dívida corrente quase duplicou de 3,6 biliões em 2015 para 5 biliões em 2016. Somada à dívida de longo prazo com instituições financeiras nacionais e estrangeiras as TDM e Mcel acumularam uma dívida total de 9.338.183.355 meticais.
Passivos tóxicos não deverão transitar para a nova empresa de telecomunicação móvel digital
Outra má decisão dos gestores das Telecomunicações de Moçambique - que tinha como Presidente do Conselho de Administração Virgílio Ferrão, Mamudo Ibraimo como Presidente da Comissão Executiva e os Administrador Alberto Gomes, Armando Mandomando, Momade Charifo, Aida Libombo, Lourenço Albino, Abílio Sigaúque e Rafael Rohomodja -, e da Moçambique Celular – onde Teodato Hunguana era o Presidente do Conselho de Administração, António Saize o Administrador-Delegado e tinha como Administradores Cláudio Chiche, Arlindo Mondlane, Madalena Atanásio, Albino Lemos e Cândido Gobo -, foram os termos de vários contratos com fornecedores que lesaram significativamente as empresas que devem 7,6 biliões de meticais a diferentes fornecedores nacionais e estrangeiros.
O @Verdade apurou que a Administração que está a liderar a fusão, presidida por Mahomed Rafique Jusob co-adjuvado por Mário Luís Albino e Binda Celestino Augusto Jocker, tem estado a enfrentar muita pressão de antigos gestores que viram os seus negócios “secarem”.
As dívidas com a banca o @Verdade sabe que estão a ser reestruturadas contudo os passivos tóxicos não deverão transitar para a nova empresa de telecomunicação móvel digital, que até já tem nome, e que nos próximos meses irá nascer.
Aliás mais do que sanearem as contas o trio gestores, ao qual se juntou recentemente um “poker” de directores executivos - Juvêncio Pedro Maenzana no cargo de director de operações, Márcia Wiehle Fenita na função de directora comercial, Arlindo Zefanias Dava como director de Finanças e Augusto Magobeia Jacinto Fé no cargo de director de Pessoal e Serviços Corporativos - trabalham na estruturação da nova empresa que se pretende devidamente enquadrada no mundo digital onde o negócio deixaram de ser as chamadas de voz e mensagens de texto tradicionais e passaram a ser os serviços Over The Top e Streamings.
É do conhecimento do @Verdade que em empresas, particularmente na Mcel, onde a amizade, o tráfico de influência e mesmo a corrupção imperavam na contratação, pela primeira vez o processo de selecção dos quatro directores executivos aconteceu de forma aberta, transparente e com um painel de eminentes personalidades, externas às estatais, que apreciaram todas as candidaturas.
Fonte contactada pelo @Verdade, com conhecimento da fusão, revelou que a privatização não é solução contudo, numa etapa posterior, não está descartada a entrada de um forte parceiro estratégico que poderá ser estrangeiro.

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