quarta-feira, 14 de março de 2018

Julgamento do jornalista angolano Rafael Marques reagendado para dia 19


O julgamento do jornalista angolano Rafael Marques, acusado dos "crimes de injúrias e ultraje a órgão de soberania", foi reagendado para o dia 19 deste mês, disse à Lusa fonte ligada ao processo.
Paulo Cunha/LUSA
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  • Agência Lusa
O julgamento do jornalista angolano Rafael Marques, acusado dos “crimes de injúrias e ultraje a órgão de soberania”, foi reagendado para o dia 19 deste mês, disse está quarta-feira à Lusa fonte ligada ao processo. A informação foi avançada por Horácio Junjuvili, advogado de defesa de Rafael Marques, que deverá ser julgado devido a um artigo publicado em outubro de 2016, no seu portal de investigação jornalística “Maka Angola”, em que levanta suspeitas de corrupção contra o então Procurador-Geral da República, João Maria de Sousa.
No artigo, o jornalista e ativista angolano denuncia o negócio alegadamente ilícito, realizado pelo ex-PGR de Angola, envolvendo um terreno de três hectares em Porto Amboim, província do Cuanza Sul, para a construção de um condomínio residencial. O jornalista disse à imprensa, após um primeiro adiamento do julgamento a pedido da acusação, que vai reafirmar em tribunal “a corrupção do ex-Procurador-Geral da República e provar em tribunal que é corrupto”. “Como é que eu, tendo denunciado um caso de corrupção, sou acusado de cometer crimes contra a segurança do Estado? Isto é um abuso!”, considerou Rafael Marques.
Na terça-feira, instado pela Lusa a comentar o processo, João Maria de Sousa disse que pretende ver em tribunal “até onde chega a coragem” do jornalista Rafael Marques, que o acusou de corrupto. “Vamos ver até onde é que chega a coragem, até porque uma coisa são as convicções que determinada pessoa tem e outra coisa é a realidade factual e jurídica relacionada com a questão”, disse João Maria de Sousa.
Segundo João Maria de Sousa, o caso tem a ver com a sua intenção de adquirir os direitos de superfície de uma determinada parcela de terreno na província do Cuanza Sul, que “enquanto cidadão, como qualquer outro cidadão, tem direito”. João Maria de Sousa questionou a razão de o jornalista “de repente” lhe atribuir o “título de corrupto, pelo facto de ter requerido aquele espaço”. O magistrado afirmou que neste processo, que envolve ainda um outro jornalista angolano, Mariano Brás, por ter republicado o mesmo artigo no seu jornal “O Crime”, está apenas a defender o seu bom nome, a sua honra e dignidade.

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