quarta-feira, 14 de março de 2018

Tática frelimista : Extorquir as multinacionais e a seguir atacar


Tática frelimista :
Extorquir as multinacionais e a seguir atacar 
MAHUNGO: A “machadada” de Chapo

Texto de Victorino Xavier
A MULTINANCIONAL Sasol, empresa sul-africana que explora e comercializa o gás natural na região norte da província de Inhambane, está num beco sem saída. O governador Daniel Chapo, veio a terreiro, esta semana, denunciar a multinacional, que se estabeleceu naquela região em 2004, de ter deixado de ser parceiro de confiança do executivo provincial para assuntos de desenvolvimento comunitário.
Pôr o dedo na ferida, como se pode depreender, terá sido uma atitude arrojada e de coragem de quem já atingiu o ponto de saturação. Pôs a nu aquela que é uma das grandes empresas na indústria extractiva, com créditos a nível mundial.
“Com ou sem a Sasol, a província vai andar. Não é o único parceiro. Nunca mais vamos esperar nada desta empresa. Ela, a Sasol, perdeu a confiança do governo”, afirmou Chapo em balanço do desempenho socioeconómico da província, em 2017, e perspectivas para o presente ano.
O governador de Inhambane acrescentou nas suas denúncias que “esta empresa é muito atrevida. Faltou a verdade ao Presidente da República, Filipe Nyusi, na sua visita à província, em 2016. Prometeu construir, em Inhassoro, uma escola de formação profissional avaliada em dez milhões de dólares. Levou o Presidente a visitar o local da implantação da infra-estrutura. De lá para cá, nem água vem, nem água vai – denunciou.
O pronunciamento do timoneiro de Inhambane constitui o primeiro de um governante no país a espicaçar um monstro daquela natureza, pois, as reclamações sobre a actuação das empresas que exploram os recursos naturais moçambicanos, têm barba branca, mas não há memória de uma frontalidade destas.
Com cerca de dois anos de direcção da província que luta para sair da linha de água no que diz respeito aos índices de pobreza, o governador chegou à conclusão de que a Sasol não está em Moçambique e que aqueles compatriotas ali tidos como dirigentes, não passam de simples fantoches.
“O facto é que os nossos compatriotas ali não têm poder de decisão mesmo que seja para comprar uma agulha,” ajuntou Chapo.
Mas afinal como é que Daniel Chapo, muito rapidamente, chegou a esta conclusão no relacionamento desta empresa, que funciona há 14 anos, com as comunidades locais?
Diz não ser concebível que a sede do distrito de Inhassoro, não tenha água canalizada e, pelo menos uma rádio comunitária. Diz também que não se percebe por que é que a Estrada Nacional nº1, na secção Pambara/Mangungumenta, continua esburacada quando, de hora a hora, transitam dali camiões transportando gás natural condensado. Os empresários locais não têm acesso aos concursos para fornecimento de bens e serviços depois de uma promessa feita nesse sentido.
O governador lembra que, quando do ciclone Dineo que fustigou a província, a Mozal e a Anadarko, foram amparar as vitimas e a Sasol fechou-se em copas porque o desastre ocorreu no sul e não nos distritos onde tira o gás natural, como se o centro e o sul de Inhambane não fossem Moçambique.
Na minha modéstia opinião, se a Sasol despreza a tudo e a todos, eventualmente por ter aquilo que vulgarmente se chama de “costas quentes”, com as “machadadas” de Daniel Chapo, esses padrinhos, estão em maus lençóis. As costas quentes estão queimadas.
São estes os argumentos e outros, aos montes, que constituem o desabafo de um governante que deu um “basta” de mimos a esta empresa que explora a riqueza dos moçambicanos. Falou quem viu, vê e sente, na pele, esta falta de consideração por parte de alguns investidores estrangeiros no nosso país.
Será que desta vez o assunto chamará a atenção de quem de direito?

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