quinta-feira, 19 de abril de 2018

“Caso Salema” e outros

Nyusi, indisponível para abordar clima de terror com jornalistas, manda ministro da Justiça

Filipe Nyusi não vai receber o grupo de jornalistas que solicitou audiência para abordar os ataques selectivos contra cidadãos com opiniões contrárias ao pensamento imposto pelo sistema.
Recorde-se que um grupo de dez pessoas, que inclui jornalistas e “activistas” de Direitos Humanos, pediu uma audiência ao Presidente da República, Filipe Nyusi, e à procuradora-geral da República, Beatriz Buchili, para abordar o rapto e tortura de Ericino de Salema, jornalista, e todo o clima de medo que se instalou com os sucessivos raptos e assassinatos de cidadãos moçambicanos, em geral com opiniões contrárias ao regime.
A procuradora-geral da República, Beatriz Buchili respondeu ao pedido e recebeu os jornalistas, na passada segunda-feira, mas, do encontro, não houve grandes novidades, senão um conjunto de limitações que a PGR apresentou para justificar a falta de esclarecimento sobre os ataques.
Filipe Nyusi não vai receber os jornalistas e instruiu o ministro da Justiça, Isaac Chande, para recebê-los, e o encontro está marcado para a próxima segunda-feira, segundo foi informado o Canalmoz .
Recorde-se que as pessoas que deveriam encontrar-se com Nyusi fazem parte de uma organização criada em princípios de 2016, denominada Comité de Emergência para Defesa da Liberdade de Imprensa e de Expressão. No seu pedido de audiência, este “Comité de Emergência” indicou que solicitou o encontro com Filipe Nyusi porque está preocupado com o “actual clima de intimidação e insegurança”.
O “Comité de Emergência” diz que anotou as declarações do primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, da presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo e de outros membros do Governo, que condenaram publicamente o rapto e tortura de Ericino de Salema, mas exigem acções concretas para a esclarecimento desse caso e de outros relacionados.
“Não nos contentamos, porém, com os discursos de condenação do acto macabro contra o nosso colega Ericino de Salema. Do Governo exigimos, para além de discursos, acções de neutralização e responsabilização dos autores”, lê-se no documento. Segundo o “Comité de Emergência”, o rapto e tortura de Ericino de
Salema não é um acto isolado na sociedade. “Tem sido prática, principalmente nos últimos três anos, atentados e assassinatos de cidadãos moçambicanos profissionais e activistas da liberdade de expressão, com a infeliz coincidência de não ter havido esclarecimento de nenhum dos casos até agora”, refere.
No seu comunicado, o “Comité de Emergência” indica que os jornalistas ali congregados não se calarão “enquanto a liberdade de imprensa e de expressão não forem efectivas no nosso país, o que significa que as pessoas não só têm a liberdade de expressar as suas ideias, mas sobretudo de que não são seviciadas em função da sua opinião”.
Assinam o documento enviado a Filipe Nyusi: Borges Nhamirre (CIP), Erick Charas (fundador do “@verdade”), Ernesto Nhanale (activista), Fátima Mimbire (CIP), Fernando Lima (“Savana”), Francisco Carmona (“Savana”), Gilberto Mendes (actor), Jeremias Langa (STV) e Matias Guente (Canal de Moçambique).
CANALMOZ – 19.04.2018

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