quarta-feira, 18 de abril de 2018

E QUE TAL SE THERESA MAY FOSSE FILIPE NYUSI?

Partilhando uma reflexão de Gustavo Mavie...

--- INÍCIO ---


E QUE TAL SE THERESA MAY FOSSE FILIPE NYUSI?

Por Gustavo Mavie
Na última segunda-feira, a Primeira-Ministra britânica, Theresa May, enfrentou uma barragem de fogo verbal dos deputados do seu país por ter ordenado a força aérea do seu pais a se coligar com as das suas congéneres dos EUA e da Franca, e fossem bombardear a já martirizada Síria no dia 7 deste mês, sem autorização do Parlamento britânico e nem que tivessem luz verde das Nações Unidas, como determina a Carta desta Organização Mundial de que os três países são membros.
À medida que fui ouvindo na BBC Mundial que os deputados da oposição estavam repreendendo-a por ter enviado tropas para uma missão de guerra sem o seu aval e, pior ainda, sem que tivesse tido luz verde das Nações Unidas, ocorreu-me logo associar este erro ou ilícito a Moçambique, já que está a ser punido exactamente pelas nações ocidentais com um bloqueio financeiro, porque um dos seus antigos governantes, Aramando Guebuza, deu luz verde para se contraírem empréstimos sem autorização do Parlamento moçambicano e nem que tivesse informado o FMI como recomendam os estatutos desta instituição financeira de que este pais é membro.
E disse cá para os meus botões: afinal todos os governos do Mundo tomam às vezes decisões e as executam sem terem cumprido com todos os pressupostos legais!
Antes de escrever este artigo, matutei e consultei alguns colegas e entendidos em governação, e todos encorajaram-me dizendo que de facto também May não cumpriu com os procedimentos legais do seu país, tal como Guebuza. O que me levou a tomar a decisão de escrever foi quando escutei com mais atenção na própria BBC World News Service, que May estava sendo bombardeada com uma série de perguntas sobre como é que ordenou que as tropas se metessem em combates sem a autorização do Parlamento.
O mais curioso é que a justificação que ela deu foi como que um plágio à que Guebuza deu já e tem dado: ela também disse que autorizou sem luz verde parlamentar, porque foi solicitada por Donald Trump, e que como se tratasse duma questão vital para a defesa do interesse nacional que está sendo posto em perigo pelo uso das armas químicas contra civis pelo regime sírio e mesmo em plenas ruas da Grã-Bretanha, como o provam o envenenamento dum ex-espião russo e da sua filha em Londres, ordenou que se juntassem naquela missão combativa liderada pelos EUA. Mesmo com esta justificação ela foi fortemente censurada principalmente pelos deputados das bancadas da oposição.
O envio pela May das tropas para uma acção belicista na Síria sem o aval do Parlamento nem da ONU, prova que todos os governos tomam decisões e as executam sem permissão dos seus povos ou dos seus mandatários e nem mesmo das instituições internacionais de que são membros, como devia ter sido neste caso do ataque à Síria, que carecia também da luz verde das Nações Unidas.
Portanto, conclui que não foi só em Moçambique que tal pode ocorrer como alguns pensam ou nos querem fazer crer. Aliás, há, inclusive, um célebre livro com o título "The World’s Greatest Mistakes", escrito por Charles Franklin, publicado pela primeira vez em 1969, em que se arrolam os grandes erros, ilícitos ou mesmo crimes que foram sendo cometidos pelos governos do mundo ocidental durante séculos. Algumas dessas decisões erradas causaram a morte de milhões de pessoas, como quando se decidiu fazer o negócio de escravos que resultou na morte de milhões de africanos, e no sofrimento de milhões de outros.
Só que, quando são cometidos pelos governos dos países com poderio militar limitado, e que, ainda por cima são odiados pelo próprio Ocidente, como é o caso de Moçambique, que foi libertado contra a sua vontade pela Frelimo, que, para eles, é o pior partido que todos os outros que há no país, e que o tem governado desde que Samora Machel proclamou a sua independência em 1975, então aproveitam-se desses erros para punir todo o seu povo, porque para os regimes hegemonistas ocidentais, é esse povo que insiste em votar sempre na Maçaroca.
Assumo convictamente que Moçambique e o seu povo estão sendo asfixiados não pelas dívidas, mas porque o Governo que as contraiu é dum partido que os países ocidentais nunca o viram com bons olhos, a partir do momento em que ousou libertá-lo de Portugal, um país aliado das próprias potências ocidentais e da sua organização militarista, a NATO.
Digo isto porque os próprios governos ocidentais cometeram e cometem erros, tal como o cometeu agora Theresa May, mas nunca são punidos. E como já disse antes, alguns desses erros ou decisões foram tão graves que resultaram na morte directa de muitas pessoas, como quando George Bush ordenou a invasão do Iraque onde foram mortas por balas mais de 100 mil iraquianos e mais de um milhão de outras vitimas mortais devido aos efeitos colaterais do conflito.
Os factos mostram que so se penalizam os governos dos países que não teem o poderio militar ou que não fazem parte do Mundo Ocidental. Na verdade, se este ataque de sábado dia 7 tivesse sido feito por um dos países não ocidentais como Moçambique sem autorização do seu parlamento e das Nações Unidas, estaríamos agora em apuros ou mesmo a ser bombardeados pelas forças aéreas dos países ocidentais.
Mas como foram tais super-poderosos que atacaram ilicitamente sem autorização das Nações Unidas como manda a Carta da ONU de que os EUA, Reino Unido e a França são dos seus membros dominantes, dado que integram o quinteto de países que perfazem o seu super-poderoso Conselho de Segurança que, na verdade, é quem manda e abusa em todos os outros cerca de 200 países que são sua "fauna acompanhante", não serão penalizados, apesar de que essa ilicitude está sendo questionada por alguns poucos países, como a Bolívia.
É uma impunidade que roça ao diabo, porque a 20 de Março último completaram-se 15 anos depois que os EUA e um punhado de países que incluíam a Grã-Bretanha e França invadiram ilicitamente também o Iraque com base na mentira de que aquele país possuía armas químicas de destruição massiva.
Infelizmente, entre nós há compatriotas que se deixam embrutecer ou se comprar pelos dólares para fazerem o jogo sujo ou a hipocrisia destes estados terroristas ocidentais por excelência!
Tais compatriotas insistem em nos impingir a tese deles de que o bloqueio económico que estão impondo contra o nosso país é só porque o governo de Guebuza contraiu essas dívidas ilicitamente.
Alguns desses compatriotas nem sequer se fazem perguntas simples, como questionar porque não penalizam também os bancos russo e suíço que deram irresponsavelmente tais empréstimos sem fazerem sequer o chamado "duo diligence". Não se interrogam como é que os EUA atacaram a Síria sem autorização da ONU. Mesmo Trump não pediu também luz verde do Congresso antes de ordenar este ataque 'a Síria. Por exemplo, somente a 17 deste mês é que os inspectores internacionais chegaram à zona que se alega ter sido alvo das tais armas tóxicas ou químicas do regime sírio de Assad. Mas no entanto, os EUA e os seus aliados já puniram a Síria com bombardeamentos aéreos no dia 7, sem antes ter provas de que houve de facto tal uso de armas químicas e nem quem as terá usado, se e' que foram mesmo usados.
Que tal se depois desta inspecção se concluir que a Síria não usou tais gases perigosos se antecipadamente já puniram aquele país? Como é que punem antes das provas ou de um julgamento? Já no Iraque fizeram o mesmo. Desencadearam uma invasão a 20 de Março de 2003, com base em suspeitas de que Saddam Hussein tinha armas de destruição massiva, para depois se chegar 'a conclusão de que não as tinha. E agora estão dizendo o mesmo da Síria e antes da investigação já puniram.
No caso do Iraque, apesar de que se soube antes de Sadaam ser executado que não havia tais armas, o certo é que o enforcaram já na base de outros "crimes" que o acusaram de ter cometido. Na verdade, como escrevi na altura passam 15 anos já, o crime de Saddam Hussein foi não ter deixado o seu valioso petróleo ser abocanhado pelos EUA a preço de banana. O mesmo fizeram em relação ao Muammar al-Qaddafi antes de o matarem. Os crimes que os dois cometeram são os mesmos que a Frelimo também tem cometido—é ter derrotado o colonialismo português e criar um Estado viável que o tem governado com base em leis que protegem os múltiplos recursos naturais dos país.
Já durante a guerra do apartheid contra nós, o Ocidente esteve sempre numa aliança diabólica com este regime racista e não mexeu palha para nos defender da sua agressão. E muitos dos nossos compatriotas morreram nessa guerra e nós todos sofremos então até ao limite. E agora estamos a sofrer de novo apenas porque o nosso anterior Governo contraiu empréstimos sem o aval do FMI e do nosso Parlamento. Mas como revelei, Theresa May cometeu o mesmo erro mandando as tropas do seu país para guerra sem o aval do parlamento e da ONU, mas certamente que não será punido. Trump também cometeu o mesmo erro.
Isto traz-me de volta a tese do jornalista português já falecido, Augusto de Abelaira, quando dizia que o mesmo pode não ser o mesmo. Já o meu avô dizia que quando um homem charmoso não consegue arranjar uma esposa, dirão que não tem sorte, mas quando já não é atraente, dirão que é por ser feio. O caso Theresa May prova a tese que reza que o Mundo pertence aos mais fortes, daí que mesmo o Tribunal Penal Internacional só julga os prevaricadores dos países africanos e nunca os dos ocidentais. Se Theresa May fosse Filipe Nyusi estaria agora depenado pela nossa Quinta-Coluna e pelos ocidentais, incluindo pelas suas chancelarias. Mas como ela é dum país super-poderoso, como são o Trump e Macron, é como se nada de ilícito tivessem feito. 'I am fed up' com esta hipocrisia.
Se o TRIO de países que atacou a Síria no sábado dia 7 fosse terceiro-mundista sem autorização, estaria agora a ser punido com ataques do Ocidente, e os seus povos iriam também sofrer como está sofrendo o moçambicano porque um dos seus governos cometeu um erro ou ilícito.
Há 30 anos, o povo irmão da China passava por carências de tudo quase porque este mesmo Ocidente impunha-lhe um bloqueio económico só porque o seu Governo era comunista. A intenção era ver se os chineses se rebelavam e derrubavam o seu próprio Governo porque não era servil ao Ocidente. Só que os chineses não se deixaram embrutecer, e hoje são quase a maior super-potência do Mundo. Nos próximos cinco anos serão mais do que os EUA e todos os países ocidentais. Temos que aprender com eles se quisermos ser uma Nação forte e próspera.
gustavomavie@gmail.com

--- FIM ---


Agora eu pergunto:


Que contesta e com que argumentos?

É por isso eu saber que o que se o assunto das "dívidas ocultas" foi urdido para servir de pretexto para forçar a mudança de regime em Moçambique, de modo a facilitar a instalação de um Governo subserviente ao Ocidente, que eu tenho estado a alertar sobre o perigo de permitir que a FERLIMO seja destronada do poder antes de consolidação da nossa independência económica. O ocidente não está interessado na prosperidade dos povos africanos onde a economia não esteja sob controlo dos brancos. Eles não querem o nosso progresso. O que eles querem é o controlo dos nossos mercados e da nossa economia. Esta é que é a verdadeira guerra em estamos metidos, na qual eles usam como sua arma sofisticadíssima a democracia liberal ou multipartidária! Não se trata aqui de teoria de conspiração coisíssima nenhuma. Estamos mas é a ser agredidos sob pretexto de "apoio para o desenvolvimento da democracia". O verdadeiro plano, já em marcha, é neocolonização; é um plano contra a nossa independência e soberania!
Vamos ceder a esse plano contra a nossa independência e soberania?...
Votar na RENAMO ou MDM é ceder à neocolonização. Votar na FRELIMO é recusar a neocolonização. Só que para se votar na FRELIMO, os nossos veteranos DEVEM tomar uma atitude corajosa: (i) confessarem os seus erros, (ii) pedir perdão ao povo por esses erros, e (iii) entregarem-se à nossa justiça para serem julgados e responsabilizados, se for o caso. Tenho comigo que só esta atitude dos nossos heróis vivos pode contraria o esforço que está sendo feito pelas ex-potências colonizadoras, apoiadas pelos Estados Unidos da América, para neocolonizar Moçambique. É nesta nova frente de luta que Joaquim Chissano, Armando Guebuza, Alberto Chipande, Raimundo Pachinuapa, Graça Machel e demais veteranos da luta de libertação nacional podem prestar mais uma importante contribuição para a preservação das conquistas da nossa luta revolucionária. Estes nossos heróis vivos DEVEM facilitar o processo de desarmamento dos inimigos da nossa independência, anulando com os seus argumentos com atitudes proactivas como as que acima recomendo.
Eu disse, comentando o pensamento de Gustavo Mavie acima partilhado, porque colhe a minha aprovação.
Palavra d'onra!
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4 comentários
Comentários
Nelia Piores "Sobre do o plágio"... Ah, então é por isso que o assunto dívida é tão indiferente a bancada vermelha do nosso parlamento?
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Mouzinho Zacarias Julião cumbane e Gustavo mavie dormem, sonham... Só pensando como safar a frelimo... Divertam amigos a vida é curta... Os homens passam e a frelimo fica...
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Homer Wolf Isso Profe, vá partilhando os lençóis do Gustavo, que me encarrego de partilhar os seus...😀
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Benjamim Tomas-Antoni Triste cenário! Não dá para acreditar nalgumas coisas!
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Julião João Cumbane Querias dizer o quê mesmo, oh Benjamim Tomas-Antoni? Que "cenário" é triste aqui? O que é que "não dá para acredita"? E porquê não é "triste" ou não inacreditável? Quero conversa inteligente neste mural. Não quero pessoas aportarem aqui para falar em código!!

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