quarta-feira, 16 de maio de 2018

Depois da morte, o ex-líder da Renamo continua “figura de cartaz” e a dividir opiniões


CCM compara Dhlakama a Moisés e o cataloga como “herói na nação” 
- Numa mensagem de condolências, o Conselho Cristão de Moçambique pede e deseja descanso “tranquilo” ao mesmo tempo que garante que a sua história ficará registada “no coração dos moçambicanos” 
Em mais episódio e pronunciamento que vêm agudizar a contradição e controvérsia em relação à leitura e entendimento da figura, percurso e convicções pelos quais e para os quais Afonso Dhlakama vinha se batendo, energicamente, nos últimos 40 anos, o Conselho Cristão de Moçambique (CCM) emitiu, esta terça-feira, uma mensagem de condolências pelo falecimento de Afonso Dhlakama, então líder da Renamo. 
Publicada na edição desta terça-feira do jornal notícias, a mensagem daquela que é uma das principais congregações representativas da religião cristã em Moçambique, aponta, classifica e compara Afonso Dhlakama a Moisés, referenciado na bíblia sagrada (livro sagrado da religião cristã) como mandatário de Deus, aquele que, assumindo a missão incumbida, conseguiu resgatar os filhos de Israel da escravidão de que eram vítimas no Egipto. 
Segundo se sabe, foram sensivelmente 40 anos, o tempo que Afonso Dhlakama dirigiu militar e politicamente a Renamo, posicionando-se como comandante-chefe e seguidamente, presidente do partido Renamo, o maior da oposição. Este tempo de dirigismo não é, para os cristãos, obra do acaso. Para o CCM, tal como Moisés da bíblia passou 40 anos no deserto, a caminho da terra prometida, Afonso Dhlakama, também procurou, durante longos 40 anos, “libertar o povo”. 
“Este homem (Dhlakama) é filho de Deus que veio ao mundo e especialmente a Moçambique com a missão específica de completar a liberdade do povo moçambicano, depois da independência nacional do país perante o subjugo colonial” – refere a mensagem e, continuando a narração, anota que “não é o primeiro sofredor em libertação de um povo que não chega à conclusão do seu objectivo… foi o Moisés que sofreu 40 anos no deserto e faltando pouco para a glória foi ao descanso e com certeza de que se vai alcançar a vitória” – refere o CCM, para quem a história de Afonso Dhlakama não se difere da história do libertador referido na bíblia, Moisés. Fazendo menção ao facto de Afonso Dhlakama, em vida, ter tentado buscar consensos com “todos” os governantes do país para a devolução da paz e tranquilidade, a mensagem dá um espaço especial ao ex-líder da Renamo, lamentando, entretanto, o facto de os acordos assumidos “infelizmente não terem sido honrados”.

Diante de uma série de feitos alistados, a mensagem acaba mesmo por catalogar Afonso Dhlakama como “herói da nação”. “Não temos nada a contestar no poder de Deus, o que rogamos aos compatriotas é que sejamos fortes, corajosos e avante porque o destino do percurso está mais próximo e, à família, queremos agradecê-la por teraceitado cuidar deste filho que veio a ser herói da nação” – refere a mensagem discordando, claramente, das vozes que preferem apontar o dedo acusador contra Afonso Dhlakama. 
Este grupo prefere ver em Afonso Dhlakama o homem que liderou os matsangaices, o grupo a quem a história oficial prefere catalogá-lo de assassinos e autênticos sanguinários. 
A mensagem do CCM refere, logo no início da mensagem de condolências, que Afonso Dhlakama foi o líder do partido com “maior volume populacional” do país e no fim pede a Deus para que ofereça um descanso tranquilo 
na certeza de que “a sua história fica escrita nos corações do povo moçambicano”. Sobre a controvérsia na leitura do percurso militar e político de Afonso Dhlakama, o Presidente da República, em mensagem fúnebre, recorde-se, disse que o país perdeu “um compatriota que, do seu modo, fez parte da história recente de Moçambique”. Mais, disse Filipe Nyusi que com a perda de Afonso Dhlakama “ficarão em todos nós as memórias da sua vida, do seu percurso social-politico e memórias que cada um de nós guardará à sua maneira”.
MEDIA FAX – 16.05.2018

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