quarta-feira, 16 de maio de 2018

Unir esforços

Por Edwin Hounnou
A morte de Afonso Dhlakama, líder da Renamo, a 3 de Maio de 2018, em Gorongosa, às portas das eleições autárquicas de 10 de Outubro, deixa a oposição fragilizada. Se a meta era de remover a Frelimo da maior parte das autarquias, a partida de Dhlakama deveria servir como um factor galvanizador para que a Renamo e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) ultrapassem, o mais cedo possível, aquilo que os separa. 
O interesse do povo deve ser aglutinador para os que se batem pela liberdade, paz e desen volvimento. As desinteligências, fomentadas por pessoas hostis ao entendimento, podem ser superadas. Os indivíduos que fazem da televisão e rádio as suas trincheiras preferenciais para arremessarem contra a outra parte, da Renamo para o MDM ou vice-versa, que ponham a mão na consciência e comecem já a contabilizar os prejuízos que provocam ao povo. Parece que facturam de cada vez insultam e menosprezam o outro e o valor a receber vai-se aumentando na medida em que os insultos são mais pejorativos. 
Ganham com essa postura porque a Frelimo esfrega as mãos de contentamento quando a oposição se digladia. A oposição tem definir, para cada etapa, os objectivos a alcançar e o “inimigo” a abater. Agindo desse modo, a oposição poderá chegar ao poder. O que temos vindo a assistir, em programas radiofónicos e televisivos, dá vantagem ao partido no poder que se regozija pelo favor que lhe fazem. Esses indivíduos estão a estender o tapete vermelho para a Frelimo. Quanto mais a oposição se conflitua, melhor para viz Simango, presidente do MDM e edil da autarquia da Beira, durante o infortúnio que se abateu sobre a Renamo com o passamento do seu líder, Afonso Dhlakama.
A aproximação aconchegada de Simango à família Dhlakama e à direcção da Renamo foi fantástica e só não viu quem não quis. Simango foi a única voz que pediu tolerância de ponto pela ocasião das exéquias fúnebres de Dhlakama, exigiu que fosse proclamado herói nacional e os restos mortais fossem depositados na cripta reservada aos heróis. Os dois dirigentes já vinham fazendo concertações da situação política vigente. 
Qualquer principiante em políticas bem poderia chegar à conclusão de que é imperioso juntar esforços para que a luta pela democracia, descentralização administrativa e da conquista da liberdade de expressão sejam, de facto, uma realidade na vida do povo. Outro caminho, para além da conjugação de esforços, não existe. O outro caminho não leva a lado nenhum senão à perpetuação de um regime caduco, corrupto e violento. Dhlakama deu a sua vida para que o país fosse de todos para que isso pudesse acontecer era necessário que o regime da Frelimo fosse removido do poder. Dhlakama lutou para que o tivesse um melhor sistema de educação, de saúde pública melhorado. Bateu-se para que tenhamos um sistema viário praticável e o país pudesse produzir a fim de reduzir a importação de produtos de primeira necessidade. 
Dhlakama queria um país com tolerância à corrupção, todavia, morreu sem que o seu sonho fosse transformado em realidade. Cabe à liderança da Renamo agir com sabedoria para preservar o sonho do seu líder e materializar o seu pensamento de modo a fazer do país onde todos sejam valorizados e viver sem medo de ser raptado, torturado, jogado numa ravina ou até morto. Não basta que Dhlakama tenha sido enterrado com honras de Estado. 
A honra e memória de Dhlakama só serão traduzidas em mudança do regime e devolver o país ao convívio da comunidade das nações. As eleições autárquicas que se aproximam serão um não-retorno para a oposição. A oposição ou se organiza para tomar o poder ou perde, de vez, o comboio da História. 
A frente única eleitoral da oposição é a chave que poderá abrir a porta da liberdade, paz, democracia, justiça e do desenvolvimento. A oposição tem vindo a perder muito com guerras intestinais ao invés de concentrar a sua atenção na estratégia de ser poder.
O resto é conversa para divertir o público. (Edwin Hounnou)
CANALMOZ – 16.05.2018

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